julho 02, 2008

Cláudia Amandi_



Restos,
papéis cortados em máquina, 2006 (35 Desenhos, 24x30 cm)




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As diferentes imagens (...) incidem sobre a ideia da acumulação e repetição do gesto e de um elemento que se evade de uma origem para se mover em relação a si próprio, ora recuando a níveis puramente abstractos, ora avançando para a sugestão de paisagens e aglomerados (enxames, populações, cardumes folhas, bactérias). Em cada nova posição ou movimento, o conjunto desses elementos forma novos campos de possibilidades que remetem para uma dupla condição: o movimento que transforma a qualidade das coisas e, simultaneamente, que assegura a permanência de uma ordem original e de uma memória inscrita algures, e que parece na eminência de se revelar. Cada desenho, ou cada "quadro" submete a percepção à visão onde as pequenas figuras se redistribuem sem alterar o território inicial, como a revelação de camadas de um corpo ou instantes de um tempo persistente. Na imagem ameaçadora de milhares ou milhões de elementos em deriva no espaço subsistem algumas ambiguidades inquietantes.

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Relativamente a outros trabalhos anteriores, (...) mantém presente o sentido da repetição ritualizada de gestos e movimentos que evoca a produção de um estado de consciência alternativo, que funciona como um tempo suspenso entre o vazio e a densidade de ideias, formas e palavras.

2006,PFA


In,"Vários milhares de milhões de milhares. Imagens para um corpo adjacente", Paulo Freire de Almeida,texto do catálogo da exposição: apagar, recomeçar, esvaziar, repetir, deslocar, de Cláudia Amandi,Cubic-arte contemporânea, Junho 2006.