janeiro 02, 2008



Desenho e processo

(1)“É interessante que as tensões de forças dentro do plano da folha do desenho a existir, além de o definir, de início, como uma entidade activa, permitam desencadear um diálogo entre ele mesmo e quem desenha. A presença da folha de papel antes de ser desenhada (ou escrita) resulta disto mesmo: transpomos de nós próprios para a superfície a desenhar, numa identificação simbólica de equivalência, e, depois, ao desenhar, desencadeamos uma relação física e afectiva com todo o processo de transformação que a folha, o nomeado Plano Original , vai sofrendo.”

(2)“Ao procurar definir como se entende o que é desenhar, é importante ter presente a entidade activa que é o plano de trabalho, a superfície sobre a qual se desenha, para perceber que qualquer colocação de um elemento, por mais simples, sobre a folha, vai acender todas as transferências abstractas ou simbólicas que fazemos, mesmo antes de ela conter qualquer grafismo desenhado.”

(3)“O traço é a própria “história” do movimento da mão sobre a folha de papel, e de todos os acidentes e acasos que possam acontecer durante o seu percurso.”



M. Madeira Rodrigues, Ana Leonor, "O que é Desenho", 1ª edição, Quimera, 2003.


Op.Cit,
(1)pág. 59-60
(2)pág. 62
(3)pág. 58