novembro 09, 2009

Vitor Cravo_



“Dormidas”, Instalação
(6)Desenhos, grafite sobre papel, 85mm x 55mm, 2009



Não se trata de desenhos. São anti-desenhos. Imagens vulgares, anti-gráficas, apesar do lápis, da grafite.
Como processo são paródias aos processos. Anti-desenhos ou desenhos falsos.
Talvez, «acabamentos», realces de grafite, a puxar os efeitos, imitando os efeitos de uma imagem fotográfica.

São pequenas imagens. Um conjunto, nada mais. Aconteceram. Sem projecto.
São imagens que pautaram uma viagem a Marrocos. Pausas, imagens de coisas já vistas ou sonhadas.
Almofadas. (A origem é árabe!) Travesseiros onde pousamos a cabeça.

De certo modo, são retratos improváveis de uma actividade. Imagens de um contacto.
E ícones do sono e do sonho. As marcas do inconsciente nas dobras do pano; a «silhueta»...o auto-retrato.
A referência imediata são os desenhos de Durer. O auto-retrato no meio das almofadas.

A consequência destes anti-desenhos resultou num conjunto de imagens que oferecem
uma pretensa função divinatória. Interpretar a almofada como quem observa sinais proféticos nas estrelas ou no fígado dos animais. O insucesso da análise tem-se revelado até agora essencial. Retratos de dormidas.
Imagens de desenhos antigos, belos, e de desenhos «naturais», verdadeiros.
Como integrar a experiência da memória, da imaginação e o desejo meta-gráfico de captar a realidade, o visível?

2009,VCS







http://www.exteril.com/

maio 21, 2009

Mayana Redin_



Ilhas Gregas conversam com chuva do dia 16 de Maio,2009,tinta sobre papel vegetal,2009



Metaforicamente, escolhi “aquilo que produz encontros” como esse foco de interesse de estudos, e a partir daí procurei adaptar o desenho como “capturador” do acontecimento, através de registros gráficos e do vídeo.

(..)
A obra aparece como simuladora e ferramenta do pensamento, que se apresenta em forma de ações (a ser registrado e alterado através do desenho, fotografia, vídeo, etc).
Através de algumas lógicas possíveis ou impossíveis, proponho desencadear ações (também elas, possíveis ou impossíveis) que contenham em seu enunciado, as questões que envolvem os encontros e as (in)definições da realidade.

As propostas nascem de enunciados pressupostos não prováveis, ou seja, a palavra e a intenção poética devem ser alcançadas de alguma forma que capture ou forje a intenção. Dessa maneira, a investigação desses processos será de alguma forma ficcional, literária, até. A partida muitas vezes da escrita para a imagem me impossibilita inúmeras ações em sua execução. Por isso, é preciso afirmar a potência da escrita enquanto criação, que não está subordinada à imagem, e sim, que constrói a imagem simultaneamente.

2009,MR

http://margensdapalavra.blogspot.com/

março 12, 2009

Miguel Duarte_


d1-marcador sobre papel para plotter 90gr. 91cmx620cm,2005
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d2-marcador sobre papel para plotter 90gr. 91cmx620cm,2005
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d3-marcador sobre papel para plotter 90gr. 91cmx620cm,2005
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A proposta para a realização de um desenho do real com deslocação do ponto de observação, procurando que as imagens não se sobreponham na limitação do espaço do suporte, constitui o pressuposto que origina a equação dos elementos constituintes e implicados no desenho.

O processo de trabalho encontra a relação com o observador como estratégia criativa para a experiência da presença. O desenho enuncia um percurso aberto pelo espaço/paisagem pela presença do olhar do autor, transferindo-se o seu uso como proposta de um movimento peripatético.

O início do registo é acompanhado por uma medição sumária de alguns elementos que se destacam no espaço, permitindo estabelecer a escala de representação. Com o auxílio do extensor do instrumento de registo (marcador), obtém-se uma posição próxima da perpendicularidade ao plano do suporte, permitindo não só a variação do ângulo de incidência como o acesso às áreas do suporte mais distantes.

O registo sucede-se no sentido esquerda-direita, em ritmo acelerado e sensível à interferência do vento, o qual torna o suporte esvoaçante ao ponto de rasgar, ou da acidentalidade do terreno. É dado por concluído quando os limites do papel não permitem a sua continuidade, sendo muito raras as circunstâncias de complemento de informação no desenho.

O suporte é novamente enrolado e inicia-se uma nova caminhada para o próximo registo. Os tempos de caminhada e de preparação do suporte, que se pretende seguro, são normalmente superiores ao tempo de desenho. O registo toma entre 10 a 20 minutos, consoante a dimensão e estabilidade do suporte, a informação do espaço e a disposição para o desenho.

2009,MD

http://mbduarte.no.sapo.pt

fevereiro 05, 2009

Nuno Fontes_


Diagramas, 2009 (vista geral da montagem)

(...)
A infografia reúne dados quantitativos e apresenta-os visualmente de forma clara e organizada, usando frequentemente como recurso o diagrama. As características que estes diagramas assumem, dependem inteiramente dos dados que o informaram. Este aspecto, torna esta área, do meu ponto de vista, um campo de experimentação para o desenho, extremamente rico, imprevisivel e em última análise útil.

Cada objecto de estudo, pelas suas especificidades, irá informar o desenho de formas completamente distintas e, portanto, dar origem a resultados inéditos. Por estes motivos, decidi explorar esta capacidade do desenho no meu projecto.

O meu trabalho tem como objecto de estudo o filme "the fountain" do cineasta americano Darren Aronofsky.
Desse estudo pretendia-se proceder ao levantamento de uma série de dados relativos ás mais variadas características da obra cinemática. Esses dados seriam posteriormente organizados num plano bidimensional recorrendo ao desenho, que assumiria características que dependeriam quase inteiramente dos próprios conteúdos, ou seja, o que é proposto é a exploração criativa do desenho tendo por base um sistema de dados que irá, necessariamente, influenciar as suas qualidades, em particular a sua forma.

Um dos grandes desafios do projecto consistia em conseguir fazer o levantamento de dados e qualidades do objecto de estudo que, á partida, não são quantificáveis, para depois proceder á sua representação através do desenho, que pretendia, inicialmente, mapear em rigor esses mesmos conteúdos.

2009,NF